O segundo livro do ano foi escolhido muito por acaso pela lista do Kindle. Já o havia visto algumas vezes nas prateleiras das livrarias, e havia me despertado a curiosidade, bem como Quando Nietzsche Chorou, do mesmo autor, Irvin D. Yalom. Apesar da curiosidade, havia algo nele que me fazia imaginá-lo um livro de autoajuda com um falso fundo intelectual, como ainda me soam livros com títulos como Kafka Para Sobrecarregados, Nietzsche Para Estressados, Oscar Wilde Para Inquietos e assim por diante, mas a leitura do prefácio e de algumas páginas do primeiro capítulo me fizeram tirar essa ideia da mente.
A Cura de Schopenhauer (Ediouro, 334 páginas, tradução de Beatriz Horta) é bem interessante: Yalom é reconhecido como experiente psicanalista e trata tanto do filósofo quanto das narrações das sessões de terapia no romance com bastante desenvoltura e propriedade. Como sempre tive curiosidade no campo da Psicologia e uma ainda maior no campo da Filosofia, a mistura me pareceu interessante, apesar de improvável: como assim um psicanalista de renome (certamente alter ego do escritor) descobre estar sofrendo de um melanoma agressivo, tem a estimativa de um ano de vida e reflete sobre sua existência - vida, morte e tudo o que há no meio - usando os ensinamentos de Arthur Schopenhauer? Logo Schopenhauer?
A estrutura do livro está longe de ser complexa, mas é bastante plural: há três personagens principais, e o narrador, apesar de ser sempre externo, focaliza cada um deles alternadamente, mostrando seus pensamentos; é contada, em paralelo, a história do filósofo polonês desde a infância até sua morte, e há também fragmentos de escritos seus no fim de cada capítulo, coerentes com a narrativa. O tom é leve, apesar de tudo. Deu pra entender bastante sobre como funciona uma análise - para um leigo, claro - pois descobri que o analista não fica desenhando pôneis na prancheta enquanto as pessoas desabafam. E o livro também me fez iniciar um aprofundamento na obra de Schopenhauer, já que minha leitura dele era bem básica, apesar de sempre ter sido produtiva.
Valeu a pena ter acompanhado o livro. A próxima leitura deverá ser algo bem diferente, talvez algo de fantasia para contrabalançar os estudos sobre Filosofia que pretendo iniciar - e que o livro incentivou bastante.
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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
terça-feira, 21 de janeiro de 2014
#1 O Chamado do Cuco
Postado por
Rodolfo Amaral
Talvez não tenha sido ele, ou talvez tenha. Mas tudo pareceu ter mudado. Apesar de o "novo" autor não ter recebido muitos holofotes da crítica, todas que apareceram foram bastante positivas. E eu soube que a Rocco comprou os direitos de editar a obra no Brasil antes de saber quem era a verdadeira autora, que confirmou a revelação a contragosto, pressionada por um jornalista. Uma coincidência, já que a Rocco também é a editora de Harry Potter, e uma sorte grande, pois depois da revelação, as vendas explodiram.
Eu mesmo só li O Chamado do Cuco por causa de J. K. Como eu não me empolguei com as resenhas que havia lido sobre Morte Súbita, não me arrisquei a ler a obra, mas o "efeito Galbraith" parece ter dado certo. Depois de tantas resenhas positivas, resolvi arriscar. E valeu a pena: leitura tranquila e fluida, uma trama policial contemporânea e que tem algo de relevante a dizer. Focada no detetive Cormoran Strike e em sua secretária Robin Ellacott, é uma história clássica de mistério, que tem como pano de fundo o mundo das celebridades dos dias atuais. J. K. Rowling, ao ser descoberta, revelou também que certamente Robert Galbraith preparava uma sequência para a série, "apesar de certamente continuar recusando aparições públicas". Tomara que seja verdade: os personagens principais são sólidos e promissores, mas não completamente desenvolvidos. Seria ótimo ver esse desenvolvimento nos próximos livros.